Conselho Tutelar alerta para fuga de crianças em embarcações

04/11/2014 20:58

O Conselho Tutelar de Santarém alerta para a fuga de crianças em embarcações. De acordo com o conselheiro Francisco Ednaldo, os proprietários são orientados a impedir a entrada de crianças e adolescentes sem responsáveis ou documentação, além de informar os órgãos competentes.

Um menino de 9 anos fugiu de casa na segunda- feira (3) e foi encontrado na manhã desta terça-feira (4) próximo ao Mercado Modelo, em Santarém, oeste do Pará. Segundo relatos da criança ao Conselho Tutelar, ele estava em uma embarcação, que já havia saído do porto, mas retornou à orla da cidade para deixá-lo e seguiu viagem.

De acordo com o Conselho Tutelar, uma testemunha informou que o menino havia entrado em uma embarcação que saiu do porto improvisado da Praça Tiradentes, na manhã desta terça-feira.

Ao ser encontrada, a criança confirmou aos conselheiros tutelares que estava seguindo viagem. “O menino já confessou que estava em uma embarcação, que já havia saído do porto, mas que deixaram ele próximo ao Mercado Modelo e seguiram viagem. Acredito que ficaram sabendo que estavam procurando por ele e voltaram para deixar ele”, disse o conselheiro tutelar, Francisco Ednaldo.

Segunda fuga em menos de uma semana
Segundo o Conselho Tutelar, a criança já saiu outras vezes de casa. Ela mora com o pai, no bairro Floresta. A mãe tem problemas mentais e mora no Estado do Amazonas. Na semana passada, o menino fugiu e ficou três dias fora. Ele foi visto dormindo em embarcações no porto improvisado da Praça Tiradentes. Um homem que trabalha com frete de lancha foi quem viu e acionou o Conselho Tutelar. “Fiquei pensando que ele era de outros barcos. Só que, completando três dias, ele pegou uns caniços daqui que eu tinha guardado e pensei que ele ainda era de outro barco, fui falar com ele como se fosse de outro barco, mas não era e dei uma ligada para o Conselho Tutelar. Ele estava dormindo nessa embarcação, o dono da embarcação deu comida a ele”, contou o autônomo Rosinaldo Silva.

O Conselho Tutelar foi até o local no domingo (2), pegou a criança e levou para o abrigo municipal, onde ela ficou até ser entregue ao pai na segunda-feira. O responsável foi notificado e deveria comparecer com o filho na sede do Conselho ainda na segunda-feira. “Realmente encontrei a criança, descobri o endereço, notifiquei os pais para comparecer à sede do Conselho Tutelar juntamente com a criança e, por surpresa, só foram o pai e o avô paterno. Chegando ao Conselho, disseram que a criança tinha fugido novamente. Corremos para a Praça Tiradentes, na qual fomos informados que a criança tinha saído em um barco”, declarou a conselheira tutelar Rose Silva.

O conselheiro Francisco Ednaldo informou que aplicou o termo de responsabilidade e deu a advertência verbal e escrita para o pai da criança e que já apresentou o caso no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Nesta quarta-feira (5), o material deve ser encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPE).

De acordo com a representante do Juizado da Infância e Juventude, o comandante de embarcação que transportar crianças e adolescentes sem a devida documentação pode responder criminalmente. “Estamos fazendo um trabalho constante, juntamente com a rede de proteção ao menor para que não haja esse tipo de problema, porque está acontecendo muito de crianças e adolescentes sem documento”, afirmou a representante do Juizado da Infância e Juventude, Tâmara Araújo.

Segundo o Juizado da Infância e Juventude, a embarcação em que a criança estava já foi identificada e o dono deve ser notificado até o final desta semana.

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Fugas do lar
De acordo com o Conselho Tutelar o número de ocorrências de fuga do lar tem aumentado em Santarém. Em 2013, foram registrados 89 casos envolvendo crianças e adolescentes que fugiram de casa, enquanto que o ano de 2014, já soma 149 casos.
O conselheiro tutelar, Francisco Ednaldo, ressaltou que os casos de fuga do lar são mais comuns em situações em que a família está desestruturada. “Acontece principalmente quando essas crianças ou adolescentes são criados só por um dos pais ou pelos avós. Geralmente, os responsáveis precisam trabalhar e deixam as crianças com terceiros, que  por vezes não dão a mesma atenção que a família e a criança acaba fugindo”.